Wednesday, October 29, 2008

Notícia do Público 28/10/2008

"O arquitecto que sabia resolver as esquinas"

28.10.2008, Sérgio C. Andrade

É uma exposição que condensa a produção de Arménio Losa e do seu sócio Cassiano Barbosa. Arquitecto e urbanista, Losa foi uma figura marcante do movimento modernista.

Arménio Losa (1908-1988) é o menos conhecido e o menos citado dos arquitectos do movimento modernista português no Porto e no Norte do país. O seu nome surge normalmente secundarizado pela proeminência que ganharam as obras de um Januário Godinho (1910-1990) ou de um Viana de Lima (1913-1991), seus colegas no curso de Arquitectura da Escola de Belas-Artes do Porto - que, aliás, viriam a diplomar-se mais tarde -, mas a produção de Losa (que foi casado com a escritora alemã fugida ao nazismo Ilse Losa) merece ser mais bem conhecida, divulgada e apreciada. É esta a convicção do arquitecto Manuel Mendes, responsável do Centro de Documentação da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), docente, investigador e coordenador da exposição Arménio Losa/Cassiano Barbosa Arquitectos - Nosso Escritório (1945-1957), que hoje às 22h00 é inaugurada no Edifício da Alfândega, no Porto, no dia em que se comemoram os 100 anos do seu nascimento. "A obra de Losa está ainda mal estudada", como desconhecida permanece também a sua efectiva contribuição para a mudança dos paradigmas da prática da arquitectura no Porto e no Norte, realça Manuel Mendes. No texto de apresentação da exposição, este arquitecto escreve que Arménio Losa e Cassiano Barbosa (1911-1998) - dois nomes associados naquele que ficou registado como "Nosso Escritório" entre 1944 e 1963 - deram um assinalável "contributo à ampliação da cidadania da arquitectura, do seu ofício e saber, nas suas dimensões técnica e artística, política e cultural". Mas esta não é uma ideia nova ou recente de Manuel Mendes - já em 1995, num texto que escreveu sobre a obra de Losa aquando da homenagem póstuma que lhe foi prestada pela Câmara Municipal de Matosinhos (que lhe atribuiu a Medalha de Ouro da cidade), este investigador considerava que o arquitecto era membro de pleno direito do movimento modernista. Na mesma altura, e na mesma brochura editada para a homenagem em Matosinhos (uma edição da autarquia e da Afrontamento), o arquitecto Pedro Ramalho, que acompanhara a actividade de Losa desde 1955, dizia que ele tinha entendido "a modernidade no conceito do seu tempo", e que a via precisamente como "oposição e consciência de ruptura". Mendes e Ramalho surgem agora de novo juntos neste programa que assinala o centenário de Arménio Losa, cabendo ao segundo a organização das actividades paralelas à exposição documental: um concurso de fotografia, um ciclo de conferências, uma mesa-redonda, uma visita guiada à mostra da Alfândega e ainda um concerto.Para a exposição, Manuel Mendes pensou inicialmente documentar a produção dos anos 1940/50 do "Nosso Escritório" (a expressão está manuscrita por Losa numa folha de papel com um desenho para um móvel que foi instalado no escritório dos dois arquitectos). A parceria profissional de Arménio Losa com Cassiano Barbosa deu continuidade a uma amizade certamente fundada nos anos em que ambos frequentaram a Escola de Belas-Artes, na viragem dos anos 20/30, e que o segundo chegou a evocar no seu Álbum Esquecido: "As nossas controvérsias tinham como motivo o modernismo na arte e como cenário o claustro (...) do Museu Soares dos Reis, onde injuriávamos a arte clássica, exaltávamos Picasso, Calder, Corbusier e Frank Lloyd Wright...". Nessa produção da sociedade Losa/Barbosa avultam dois edifícios ainda existentes no Porto, e que são raros sobreviventes de uma produção "que em grande parte está destruída", lamenta Manuel Mendes. São o bloco de habitação da Boavista/Carvalhosa (1945) e o edifício da Rua de Sá da Bandeira (1946), ambos desenhados para um mesmo cliente, entendidos como "acções fundadoras" daquela sociedade, e dos quais foram recentemente depositados nos arquivos da FAUP documentos que permitem conhecer em detalhe todo o processo de projecto e de construção.

Reinventar o lote estreito

O edifício da Boavista/Carvalhosa é a expressão mais feliz daquilo que era a visão de Losa para uma arquitectura familiar e doméstica, a que ele dedicou grande parte do seu trabalho. Manuel Mendes diz que Losa - que considera "o mais criativo e o mais modernista" dos dois sócios - actualizou esta tipologia muito característica da arquitectura portuense, e que aquele designa como "de lote estreito de contiguidade" e que era ainda regido pelas fachadas estreitas vindas do século XIX.Outro exemplo desta vertente na obra de Losa é a cooperativa de habitação que ele fizera, antes, para a Boavista/Pinheiro Manso (1936), num projecto que mostra a sua capacidade e a originalidade com que resolve edifícios de esquina, de que se torna "um especialista", diz Manuel Mendes. O edifício em Sá da Bandeira é já outra dimensão da produção Losa/Barbosa, e Mendes classifica-o mesmo como "uma espécie de Broadway" na Baixa do Porto; é um edifício que corta com o convencionalismo até urbanístico que imperava à época, e que expressa um modernismo "que vai beber ao racionalismo italiano, mas também à vertente mais decorativa da Werkbund alemã", nota o professor da FAUP. A exposição na Alfândega, apesar da exiguidade do espaço disponível, acabaria por crescer para a documentação de 86 trabalhos, que são "condensados como uma prenda", diz Manuel Mendes. Nelas são apresentados projectos, mas também o contexto urbano e social em que eles foram idealizados e implantados. E das múltiplas dimensões da obra de Losa representadas avulta o seu trabalho de urbanista, que, nota o responsável pela exposição, inicialmente se pensava ter sido desenvolvido apenas mais tardiamente, mas que afinal vem já da década de 1930, quando Losa colaborou com o gabinete de Aucíndio dos Santos, na Câmara do Porto. Nesta área, estão citados os planos urbanísticos realizados para Gaia (1945-49) e para Macedo de Cavaleiros (1945-51), mas também o da Zona do Hospital Escolar (São João), no Porto (1951-56), ou o de Matosinhos-Sudeste e da envolvente do Mosteiro de Leça do Balio (1961-68). De todos eles, Manuel Mendes destaca "o plano fabuloso" realizado para o Hospital Escolar de São João, "o primeiro que em Portugal segue a Carta de Atenas" que introduz o conceito de "cidade funcional" e a separação das áreas residenciais, de lazer e de trabalho.

Tuesday, October 28, 2008

"Nosso Escritório"

28/10/2008
Abre hoje pelas 22:00h, no edifício da Alfândega do Porto, a exposição sobre Arménio Losa / Cassiano Barbosa, integrada nas comemorações do centenário de nascimento de Arménio Losa(que se prolongarão durante o mês de Novembro).

flyer

Saturday, October 25, 2008

O brinde na Germânia Superior

Como já o fazia Salazar - nós levamos o vinho muito a sério. Reflexo desse espírito, não costumamos descurar a ocasião do brinde. Mas, nos dias liberais que correm, reduziu-se ao mínimo as condições para que um brinde seja efectivamente um brinde - espera-se que os copos dos brindantes tenham líquido, que toquem entre eles, e que deles seja sorvido algum conteúdo antes de se pousar novamente o copo na mesa. Em tempos passados, este ritual seria concerteza mais elaborado, conforme as ocasiões e meios onde de se celebrasse. Mas hoje-em-dia, reunidas as três condicionantes descritas, o brinde é eficaz e benigno.

Das primeiras vezes que participei num brinde nas terras do Norte, cometi uma gaffe. Era uma ocasião com um número razoável de comensais, talvez oito. A princípio, tudo se parecia com o nosso ritual...copos em punho foram projectados para a zona do centro-de-mesa, entre uma palavra proferida em coro (que me soou demasiado afrancesada). Após alguns dos copos se terem tocado confusamente, eu retirei o meu e aproximei-o dos lábios para disfrutar daquele néctar (Riesling, se a memória não me falha). Acto contínuo, soaram vozes e intejeições de protesto por parte dos outros comensais que me paralisaram no gesto sorvedor. Olhei em redor, espantado. O que teria corrido mal?

Os alemães seguem escrupulosamente três regras quando brindam. E gostam de dizer que se alguém quebrar qualquer uma dessas regras, esse infeliz terá sete anos de "sexo mau". Esta maldição merecia só por si uma análise mais profunda...o que é propriamente sexo mau? Naturalmente que homens e mulheres, gays e "straights" terão ideias diferentes do que poderá ser sexo mau, aliás, penso que toda e qualquer pessoa adulta neste planeta imaginará coisas diversas quando confrontada com esta anti-fantasia de sete anos de sexo mau. Bom, adiante...afinal quais as regras do brinde?

1. Cada brindante terá de tocar com o seu copo nos copos de todos os outros brindantes. À priori, isto poderá parecer linear, mas se imaginarem uma mesa de oito pessoas ou mais, a situação complica.

2. No momento exacto em que os copos dos brindantes se tocam, estes terão de se olhar olhos nos olhos.

3. Os braços dos brindantes não se poderão cruzar (no plano horizontal) enquanto estes projectam os copos.

Voltando à noite do riesling, os meus amigos insistiram que eu cumprisse estas regras antes de beber. Contra-feito voltei a projectar o meu copo, que fez "tlim" com outros sete copos, cujos donos foram olhados nos olhos um por um, evitando o cruzamento de braços. Lembro-me que tudo isto demorou alguns minutos (escusados, na minha opinião) e que, quando finalmente levei o néctar à goela, bebi-o de um só trago, dado o incremento da sede produzido pelo exercício físico.

Satisfeitos os meus comensais com o brinde eficaz, perguntei-lhes se faziam isto sempre, mesmo em situações de mesas com doze ou vinte pessoas. Garantiram-me que sim.

Thursday, October 23, 2008

A obra desconhecida de Arménio Losa / Cassiano Barbosa


Inaugura na próxima terça-feira, 28 de Outubro, no museu da Alfândega do Porto, a exposição sobre a obra de Arménio Losa / Cassiano Barbosa.
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Mais info:

Tuesday, October 21, 2008

O Trato na Germânia Superior

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1346910&idCanal=11

Conheço bem demais o dilema que Sarkozy agora enfrenta...mas não é culpa nossa, não é culpa dos Machos Latinos com ML grande. A verdade é que o dilema é tão profundo como interessante como potencialmente perigoso...mas tudo não passará de um ligeiro mal-entendido se as alemãs (e alemães) mantiverem o sentido de humor e nós a cabeça fria.

Vejamos. As minhas deambulações pela alemanha levaram-me a concluír provisoriamente que existem basicamente 4 tipos de trato (relativamente ao nível de proximidade) empregues no acto da saudação entre pessoas que não tenham, assumidamente, uma relação íntima.

1 - O cumprimento formal. Resume-se à linguagem verbal ou gestual. Não há contacto físico.

2 - O cumprimento informal. Acrescenta um bacalhau ao primeiro.

3 - O cumprimento amigável. O mais difícil, geralmente, para os não-germânicos. Consiste numa espécie de meio abraço, um gesto contido e delicado, no fundo, uma arte.

4 - O cumprimento exótico. Geralmente apenas correspondido pelos alemães fora da sua pátria...mas excepcionalmente, poderá ser empregue na Alemanha. Foi isto que aconteceu ao Sarkozy...espetou uns beijos à Merkel...até que ela se fartou do exotismo.

Ora bem...para os não germânicos que têm de cumprimentar um germânico(a), o segredo está em saber discernir qual o trato a empregar em cada situação. Geralmente, se o germânico for educado e culto, ele próprio se encarregará de mostar o caminho para o trato adequado. Contudo, e especialmente quando se trata de um homem não alemão a cumprimentar uma mulher alemã, esta poderá ficar momentâneamente desnorteada, esquecendo-se deste pormenor de civilidade, deixando ao homem a iniciativa de entabular um trato para o cumprimento.

Nesta situação, recomendo calma. O mais seguro, e sempre recomendável para o primeiro encontro, é o cumprimento 2. Em situações muito excepcionais, poder-se-à empregar o cumprimento 3 num primeiro encontro, desde que a mulher tome essa inciativa. Contudo, para o homem que já tiver alguma experiência neste assunto, poderá ele próprio avançar com o cumprimento 3 num primeiro encontro, desde que consiga inferir a partir de outros indícios que a mulher está receptiva a tal gesto.

Geralmente, na Alemanha, o cumprimento 3 é reservado à família e ao círculo das amizades. À medida que o não-alemão for conquistando estas posições, poderá dominar com maior confiança essa arte do meio-abraço. Em resumo, é este o melhor método para o empregar: com confiança, o homem coloca o braço direito no dorso do germânico(a); aproxima o lado esquerdo do rosto ao lado esquerdo do rosto do germânico(a); dependendo do grau de confiança, os rostos poder-se-ão tocar ligeiramente ao nível do zigomático; dependendo do contexto, poder-se-ão dar umas pancadinhas meigas com a mão direita no dorso do germãnico(a).

O não-alemão que conseguir elevar-se entre os germânicos, pelas suas qualidades, charme pessoal e gabarito afirmado em praça pública, poderá chegar ao patamar do cumprimento 4, embora recomende-se muito bom senso na sua utilização. Basicamente, poderá então cumprimentar o germânico, e mais particularmente as germânicas, com o trato do seu país de origem.

Contudo, deverá reverter para o cumprimento 3 ou 2 ou mesmo 1 se pressentir que a sua cotação desceu junto do alemão ou alemã em questão. Isto para evitar o que aconteceu ao nosso amigo Sarkozy.

o que aconteceu ao Vastulec?

é a nota contestatária deste frequentador assíduo...

Monday, October 20, 2008

19 Out 08


Aniversário de Alexandra em Esposende
Via Ana

Thursday, October 16, 2008

Blood Alley

Um dos maiores épicos de propaganda e orientalismo...directo do ano de 1955

Wednesday, October 01, 2008

É que era...

http://static.publico.clix.pt/homepage/infografia/sociedade/metroporto2008/

Viva a Associção de moradores que irão ser servidos (num futuro próximo) pelo metro do Campo Alegre: A.M.Q...etc!