Friday, September 28, 2007
Thursday, September 20, 2007
Modéstia à parte... :-)))
Tabela de resultados para o Domínio Científico: Arquitectura, Urbanismo e Design
Classificação
SFRH/BD/36721/2007
Pedro Miguel Barata de Sousa Ramalhete
4,85
SFRH/BD/36367/2007
Albertina Pereira Medeiros
4,725
SFRH/BD/36684/2007
Sidh Daniel Losa Mendiratta
4,725
Classificação
SFRH/BD/36721/2007
Pedro Miguel Barata de Sousa Ramalhete
4,85
SFRH/BD/36367/2007
Albertina Pereira Medeiros
4,725
SFRH/BD/36684/2007
Sidh Daniel Losa Mendiratta
4,725
Friday, September 14, 2007
Os Meus Sonhos
1 - A onda que se forma e ensombra o meu banho tranquilo no mar, e vai quebrar e depois acordo
2 - O cenário pós-onda apocalíptica em que re-aprendemos a viver, aninhados em buracos nas rochas escarpadas da costa
3 - Sexo com mulheres
4 - Sexo com homens (menos)
5 - Sexo com todo o género de animais e objectos
6 - Sexo com certos membros da minha família
7 - A serpente com duas cabeças (ou seja, sem cauda)
8 - Atravessar um pântano cheio de serpentes
9 - Mastigar vidro
10 - Estar perdido em estações ferroviárias labirínticas e ver pessoas conhecidas a passar em comboios que não consigo apanhar
2 - O cenário pós-onda apocalíptica em que re-aprendemos a viver, aninhados em buracos nas rochas escarpadas da costa
3 - Sexo com mulheres
4 - Sexo com homens (menos)
5 - Sexo com todo o género de animais e objectos
6 - Sexo com certos membros da minha família
7 - A serpente com duas cabeças (ou seja, sem cauda)
8 - Atravessar um pântano cheio de serpentes
9 - Mastigar vidro
10 - Estar perdido em estações ferroviárias labirínticas e ver pessoas conhecidas a passar em comboios que não consigo apanhar
Tuesday, September 04, 2007
PVG embarca para os trópicos...
Bombaim, Janeiro de 2007 (fotografia de Nuno Grancho)
Durante os anos de formatura, tive o benefício de aprender com pessoas como Hestnes Ferreira, Távora, Alexandre Alves Costa, Gigante, Manuel Mendes e Pedro Ramalho. Logo a seguir, continuei a aprender com Sérgio Fernandez e depois, Walter Rossa e Paulo Varela Gomes.
PVG é obviamente o odd one out. Com ele aprendi (e aprendo) que a História palpita, cria-se e falsifica-se. A História pode ser uma arma em mãos alheias. A História (vibrante, cromática e misteriosa) não é dos Historiadores - vive-se no dia-a-dia, vive-se apaixonadamente, vive-se sem compromissos.
Boa viagem para o Professor PVG e para a Patrícia. Até breve.
Durante os anos de formatura, tive o benefício de aprender com pessoas como Hestnes Ferreira, Távora, Alexandre Alves Costa, Gigante, Manuel Mendes e Pedro Ramalho. Logo a seguir, continuei a aprender com Sérgio Fernandez e depois, Walter Rossa e Paulo Varela Gomes.
PVG é obviamente o odd one out. Com ele aprendi (e aprendo) que a História palpita, cria-se e falsifica-se. A História pode ser uma arma em mãos alheias. A História (vibrante, cromática e misteriosa) não é dos Historiadores - vive-se no dia-a-dia, vive-se apaixonadamente, vive-se sem compromissos.
Boa viagem para o Professor PVG e para a Patrícia. Até breve.
Ainda Indo-europeu
"Nos olhos negros, muito abertos, surpreendi a minha própria fugidia imagem. Achei-o de repente igual a mim"
José Eduardo Agualusa, Um Estranho em Goa, 2000
José Eduardo Agualusa, Um Estranho em Goa, 2000
Saturday, September 01, 2007
Indo-Europeu (Público 10 Agosto 2007)
Quando partimos em viagem, todos emalamos um conjunto de expectativas e pré-conceitos face ao destino que nos espera.
De um modo geral, quando um europeu resolve viajar até à Índia, as suas expectativas estão ao rubro. E raramente regressa à pátria sem ter experimentado sensações fortes, mesmo contraditórias. Lembra-se de ter estado revoltado, frustrado ou mesmo enojado (ou efectivamente doente); mas também recorda momentos de liberdade ou mesmo paz interior.
De igual modo, quando um indiano viaja para a Europa, fá-lo com uma panóplia de imagens e ideias pré-concebidas. Salvaguarde-se a diferença de que, por norma, apenas os Indianos de uma certa condição sócio-económica têm dinheiro para passear por Londres, Paris ou Roma, formando um grupo de turistas mais educados e sóbrios do que grande parte da “ralé” inglesa ou americana que aterra em locais como Goa ou Kerala, sedenta de festas e substâncias tóxicas.
De igual modo, quando um indiano viaja para a Europa, fá-lo com uma panóplia de imagens e ideias pré-concebidas. Salvaguarde-se a diferença de que, por norma, apenas os Indianos de uma certa condição sócio-económica têm dinheiro para passear por Londres, Paris ou Roma, formando um grupo de turistas mais educados e sóbrios do que grande parte da “ralé” inglesa ou americana que aterra em locais como Goa ou Kerala, sedenta de festas e substâncias tóxicas.
A minha ascendência Indo-portuguesa e os períodos em que vivi na Índia possibilitaram-me conviver e viajar com vários portugueses e ocidentais naquele subcontinente; de igual modo, convivi e viajei com vários indianos por Portugal. E entre estes olhares cruzados de que quem vem de longe, ocorre um fenómeno curioso: ambos os grupos de viajantes consideram os seus anfitriões uma civilização “velha”, às vezes mesmo “decadente”.
Mas por razões diferentes…comecemos pelo viajante - ou potencial viajante - indiano. De um modo geral, os indianos projectam nos países da Europa Ocidental os pré-conceitos e clichés associados aos ingleses: uma sociedade conservadora e fechada, que tolera os imigrantes desde que estes não ponham em causa os rituais sagrados da pax brittanica e a pureza do seu country-side. Assim, a Europa apresenta-se como um tranquilo jardim-museu, onde as cidades e a população não crescem – antes, envelhecem. Algures entre o esforço colonizador imperialista do sec. XIX e as duas guerras mundiais, a Europa exauriu-se de vitalidade e de novas ideias, optando por fechar-se sobre si própria. Presa ao passado, que evoca nostalgicamente em cada calhau ou canteiro, protege aquilo que ganhou e construiu numa imutável e sublime reciclagem de tradições.
De facto, para o indiano comum, não existe local mais estático e “uneventful” que a Europa Ocidental: não há guerras, revoluções ou mesmo transformações; não há fanatismo religioso nem causas apaixonadas; e o fenómeno de massas mais evidente é o êxodo dos próprios europeus durante as férias para escapar a toda essa realidade deprimente.
Para o viajante europeu, aquilo que mais cuidadosamente leva na bagagem é a noção de que a Índia é uma civilização muito antiga, ancestral. Tão ancestral que a religião e o espiritualismo ainda detêm uma influência decisiva no dia-a-dia das pessoas. Para além disso, leva consigo uma porção variável de orientalismo romântico, mais ou menos condicionado pela Discovery channel ou pelos Lusíadas.
Poderá ainda existir na mala uma certa dose de “paternalismo civilizacional”, uma tendência por vezes subconsciente que pressupõe um “atraso” da Índia perante a Europa em termos de progresso material e moral, apesar de ser - ou precisamente por ser - a cultura mais arcaica.
Partem assim munidos os dois viajantes em direcções opostas, cruzando-se naturalmente nos aeroportos, onde se perscrutam com curiosidade mútua.
De regresso ao lares, passados 15 dias, 3 meses ou 1 ano, quanto do que trazem na bagagem são bugigangas e quanto são memórias preciosas experiências enriquecedoras ou amizades partilhadas. As variáveis são demasiado grandes para qualquer conclusão.
Mas arrisco o seguinte: não são as emoções fortes que caracterizam as reacções dos indianos em trânsito pela Europa. Antes, é recorrente a sensação de tranquilidade e bem-estar, consequência da elevada qualidade de vida e smooth funcitioning da sociedade em geral. Mas o clima e a comida (e a frieza em geral?) tornam-se quase insuportáveis…simplificando, a Europa correspondeu às expectativas (que não eram altas de qualquer maneira), consolidando a auto-confiança e apego aos valores da mother India.
Já o europeu volta com a mala recheada de emoções fortes sendo necessário, por vezes, o repatriamento forçado sob o efeito de sedativos. Raramente fica indiferente perante aquilo que viveu, embora possa decidir nunca mais voltar àquele “país miserável”. Contudo, é mais frequente ter tido um “experiência única” na Índia e ficar com vontade de lá voltar.
Já assisti às mais diversas reacções provocadas por viagens à Índia. Vi-me envolvido em situações-limite, assisti a algumas cenas de violência física ou psicológica que facilmente poderiam ter sido evitadas. Assim, não consigo deixar de escrever duas ou três dicas para aqueles que decidirem encetar viajem.
1. É fundamental interiorizar, antes de partir, que a civilização ocidental não é superior à Indiana; isto apesar do aparente progresso, ordem e bom funcionamento de uma face ao aparente caos, ruptura ou atraso da outra. São duas maneiras diametralmente opostas de estar na vida mas que se complementam e que participam, ambas, de sistemas de moral igualmente válidos.
2. O ser humano destaca-se dos outros animais pela sua capacidade de adaptação a meios diversos. Na Índia, para enfrentar problemas e desafios do quotidiano, é fundamental que o europeu aprenda a pensar como um indiano. Só assim porá de lado o seu sistema de valores e juízos para pensar em moldes mais pragmáticos. Esta alteração fundamental de atitude não significa baixar os braços perante a resolução de questões ou mesmo injustiças que afectem o viajante. Antes, significa não ter medo de se deixar contaminar por uma maneira essencialmente diferente de pensar e encarar a vida, no sentido de encontrar um equilíbrio mais estável e saudável perante a relativização dos problemas e angústias pessoais.
3. Estabilizadas as duas premissas anteriores, o resto desenrola-se com naturalidade. A revolta, a frustração e a impaciência que frequentemente dominam o viajante evoluem do plano pessoal e são relativizados face aos problemas e frágil equilíbrio da sociedade em geral. O viajante deixa de se posicionar sempre do lado de fora da sociedade ou contra ela para sentir que faz parte dela e dos problemas que a afectam.
Há uma máxima Hindu que diz: as três maiores virtudes do homem são: saber ouvir, saber esperar e saber jejuar.
Bem-aventurado o ocidental que sabe ouvir, esperar e jejuar na Índia.
De facto, para o indiano comum, não existe local mais estático e “uneventful” que a Europa Ocidental: não há guerras, revoluções ou mesmo transformações; não há fanatismo religioso nem causas apaixonadas; e o fenómeno de massas mais evidente é o êxodo dos próprios europeus durante as férias para escapar a toda essa realidade deprimente.
Para o viajante europeu, aquilo que mais cuidadosamente leva na bagagem é a noção de que a Índia é uma civilização muito antiga, ancestral. Tão ancestral que a religião e o espiritualismo ainda detêm uma influência decisiva no dia-a-dia das pessoas. Para além disso, leva consigo uma porção variável de orientalismo romântico, mais ou menos condicionado pela Discovery channel ou pelos Lusíadas.
Poderá ainda existir na mala uma certa dose de “paternalismo civilizacional”, uma tendência por vezes subconsciente que pressupõe um “atraso” da Índia perante a Europa em termos de progresso material e moral, apesar de ser - ou precisamente por ser - a cultura mais arcaica.
Partem assim munidos os dois viajantes em direcções opostas, cruzando-se naturalmente nos aeroportos, onde se perscrutam com curiosidade mútua.
De regresso ao lares, passados 15 dias, 3 meses ou 1 ano, quanto do que trazem na bagagem são bugigangas e quanto são memórias preciosas experiências enriquecedoras ou amizades partilhadas. As variáveis são demasiado grandes para qualquer conclusão.
Mas arrisco o seguinte: não são as emoções fortes que caracterizam as reacções dos indianos em trânsito pela Europa. Antes, é recorrente a sensação de tranquilidade e bem-estar, consequência da elevada qualidade de vida e smooth funcitioning da sociedade em geral. Mas o clima e a comida (e a frieza em geral?) tornam-se quase insuportáveis…simplificando, a Europa correspondeu às expectativas (que não eram altas de qualquer maneira), consolidando a auto-confiança e apego aos valores da mother India.
Já o europeu volta com a mala recheada de emoções fortes sendo necessário, por vezes, o repatriamento forçado sob o efeito de sedativos. Raramente fica indiferente perante aquilo que viveu, embora possa decidir nunca mais voltar àquele “país miserável”. Contudo, é mais frequente ter tido um “experiência única” na Índia e ficar com vontade de lá voltar.
Já assisti às mais diversas reacções provocadas por viagens à Índia. Vi-me envolvido em situações-limite, assisti a algumas cenas de violência física ou psicológica que facilmente poderiam ter sido evitadas. Assim, não consigo deixar de escrever duas ou três dicas para aqueles que decidirem encetar viajem.
1. É fundamental interiorizar, antes de partir, que a civilização ocidental não é superior à Indiana; isto apesar do aparente progresso, ordem e bom funcionamento de uma face ao aparente caos, ruptura ou atraso da outra. São duas maneiras diametralmente opostas de estar na vida mas que se complementam e que participam, ambas, de sistemas de moral igualmente válidos.
2. O ser humano destaca-se dos outros animais pela sua capacidade de adaptação a meios diversos. Na Índia, para enfrentar problemas e desafios do quotidiano, é fundamental que o europeu aprenda a pensar como um indiano. Só assim porá de lado o seu sistema de valores e juízos para pensar em moldes mais pragmáticos. Esta alteração fundamental de atitude não significa baixar os braços perante a resolução de questões ou mesmo injustiças que afectem o viajante. Antes, significa não ter medo de se deixar contaminar por uma maneira essencialmente diferente de pensar e encarar a vida, no sentido de encontrar um equilíbrio mais estável e saudável perante a relativização dos problemas e angústias pessoais.
3. Estabilizadas as duas premissas anteriores, o resto desenrola-se com naturalidade. A revolta, a frustração e a impaciência que frequentemente dominam o viajante evoluem do plano pessoal e são relativizados face aos problemas e frágil equilíbrio da sociedade em geral. O viajante deixa de se posicionar sempre do lado de fora da sociedade ou contra ela para sentir que faz parte dela e dos problemas que a afectam.
Há uma máxima Hindu que diz: as três maiores virtudes do homem são: saber ouvir, saber esperar e saber jejuar.
Bem-aventurado o ocidental que sabe ouvir, esperar e jejuar na Índia.
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